20 de junho de 2011

Jeito particular de amar

Veja bem, você talvez não ame alguém por ser bonito. Você cativa o amor - sob condições - por se encantar pela beleza dos trejeitos do amado. Não é beleza por beleza. É beleza por particularidade. E é coerente: se nos apaixonássemos apenas pela aparência física que inebria os olhos, logo não haveria um alicerce sustentável ao sentimento, uma vez que existirá sempre alguém mais atraente do que ele(a). O amor seria mera (efêmera) atração corporal, e a mágica inenarrável do sentir viraria futilidade. Consequência: mais confusão existencial em relacionamentos. Ou não. As pessoas parecem não querer construírem um duplo laço mais íntimo, mas serem donos da razão que congela o processamento de informações capazes de moldar conhecimentos para toda uma vida.
Eu não estou dizendo que a beleza não é fundamental. Em um encontro, é inevitável que o contato visual seja a primeira ocorrência. Contudo, não deve ser considerado a relevância para um suposto relacionamento "despreocupado". Apaixonar-se não é apenas considerar aquela pessoa a mais bela que já encontrou ou sentir vontade de beijar toda vez que a tem por perto. Há um universo que se estende incansavelmente pela infinitude de beleza não-descritível, a qual é descoberta por mente - ou coração - que já ama. Ama de verdade, ama com liberdade. 
Eu acredito que o rubor numa face, uma técnica especial de transmitir carinho ou a própria forma de olhar são mais apaixonantes do que a maquiagem ou roupas que incitam uma primeira e sedutora impressão. Na verdade, amar é conhecer e compreender. E foi fazendo-os, que eu senti que amei pela primeira vez e decifrei o enigma da beleza: ela é construída. Mas nada do que eu escrever será capaz de abranger o que cada um sente. Eu só peço que seja veementemente valorizado o jeito particular de amar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário