4 de junho de 2011

Compartilhamento

Ouvi, certas vezes, que a felicidade só é real quando compartilhada. Não precisa ser com o mundo inteiro, mas com quem lhe convém. Um amigo? Pode ser. Familiares? Claro. Leitores do seu blog? Minha escolha.
Creio que descrevi uma bagagem de palavras despejadas em organização - ou não - aqui sobre a paixão. Como é irresistivelmente picante o toque da paixão, espalhando-se por todo o seu corpo até atingir a mente e, lá, causar uma revolução! A paixão comumente gera, além do apego, ilusões. Mas não a culpe, pois o único propósito é colorir um livro que precisa de tons iluminados, como os encontrados nas cercanias da linha do Equador. Cores que inspiram o voo, a fim de que pessoas se amem longe da realidade contida em cada grão de areia pisado pelos pés daqueles que já sofreram a queda brusca ao fim de uma excitante aventura apaixonante. O sentimento passional busca um bem, porém, os propósitos são atropelados e pesos (peço licença poética à Física) são colocados sobre sua cabeça. Como quem faz uso de drogas: entra num mundo de perfeição, mas por estar cego de efeitos colaterais, pisa no precipício - achando que há um arco-íris resistente à frente - e cai. A paixão é uma droga e, de tão viciante, provoca suas dependências (corrosivas, quando são ameaçadas) sentimentais e psicológicas.
Mas que admirável é a ação do tempo sobre um paciente internado em sua clínica de pensamentos! Como gratificante é a cura daquele que alcança o desprendimento da presença constante do alucinógeno apaixonante em sua vida! Quão árdua é a caminhada até o êxito! Rasga o peito de quem se cansa da rejeição, pois é forçado por sua voz interior a desistir de buscar o vendedor daquela droga, o qual já havia se negado a fornecê-la novamente. Você fica doente, louco e fica com raiva do traficante que lhe deu esse vício, mas agora se recusa a lhe dar. "Filho da mãe, ele dava aquilo de graça". No próximo estágio, você está magro, tremendo por aí, vendendo a alma só para provar daquilo mais uma vez. Agora, o objeto de adoração é evitado por você. Ele olha para você como se não o conhecesse. A ironia é que você não pode culpá-lo. Olhe para você mesmo. Está um caco. Nem você se reconhece. Agora chegou ao destino final da paixão tola: a completa desvalorização de si mesmo.* Minutos, horas, dias, meses passam. Anos, se forem necessários, uma vez que o tempo é uma face diferente para cada um. Você pensa a respeito de sua vida, entende esse fenômeno. Não é culpa de ninguém o que está acontecendo, por mais que doa. A compreensão facilita o perdão para os erros e errantes, pois ela permite conhecer o motivo das rodas da vida girarem. O traficante é inocentado por você - é o que basta para ambos -, e a próxima paixão será mais saudável, caso tenha aprendido a essência. Em soma de graça, quão digno é o livre-arbítrio: você pode mudar muito do que acontece consigo e, melhor, é apto a escolher o que quer. Contudo, há uma linha tênue - eu a chamo de Deus, e demasiado milagrosa é Sua ação em mim. Denomine-a como quiser, ou não o faça - que rege tudo. Todos seguem-na, ainda que revele feridas. O importante é que há motivos para os caminhos. Indago, pois: por que aceitar a depressão facilmente, se um complexo entendimento pode habitar e pacificar sua mente conturbada? O ser humano é bem mais inteligente do que imagina; só não se esforça. Há tanta suavidade em perceber que a vida muda por auto-necessidade e que é tão melhor assim, em favor de a felicidade ser mais diversificada ao ser encontrada.
A compreensão liberta e encaminha à verdade de que a vida nunca foi um conto de fadas. É isso que ela grita em desespero de calmaria todos os dias, quando ocorrem situações boas e más no cotidiano. Ou só más, para que em breve sejam compensadas. Então por que não se adaptar ao final infeliz, mas que traz aprendizados de júbilo fincados com raízes na memória de uma história proveitosa? Por favor, aprenda! Por favor, repasse esse conhecimento! Quando amar novamente, reconheça as falhas daquela pessoa, pratique o desapego e não se preocupe com o futuro, que não passa de uma incógnita. E converse com seu amante. Não há solução que melhor tranquilize noites e dias de um relacionamento alicerçado em sentimentos do que a capacidade de duas pessoas expressarem a sinceridade por meio de uma técnica milenar: a linguagem. 
Não exerço a função de um livro de auto-ajuda. Eu apenas compartilho a felicidade de, mesmo com pouca experiência, conhecer um universo tão infinito por sua verdade libertadora. Um universo construído com um gentil e memorável amigo nunca abraçado - por ora.

É sabido que as cores são mais vívidas, intensas em lugares localizados próximos à linha do Equador, uma vez que os raios solares incidem (quase) perpendicularmente sobre esta porção da Terra.   

*Trecho do livro/filme "Comer rezar amar".  

Que eu cative a aptidão de aprender cada vez mais! Que eu volte meus olhos - e compreenda - para a porta estreita da verdade e alcance muitos mundos além deste! Que eu ame na mesma intensidade todos os dias o simples fato de permitir o amor existir em mim!

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