17 de dezembro de 2014

Despedida

Acho que apenas estive aqui durante todo esse tempo para compartilhar com alguém o quase fato de que minha literatura permaneceu apaixonadamente viva, mesmo após aquele que a ateou tê-la sufocado. Acho que nunca escrevi para mim. Ou sim? Como um socorro às palavras para ratificar minhas sensações acerca de tudo o que acredito e passei a acreditar. No momento, sou uma incógnita quanto a isso.
Mas sei que devo me despedir; não porque não desejo o alcance literário, mas por, enfim, ter chegado o tempo em que esse universo deve existir, na origem, para mim. E, então, estou a salvar a minha mente.

Adeus.

24 de outubro de 2014

Menina-água

Tanto fui água
Que transbordei 
No copo da prisão
A que me assolei.

Derramei-me 
Feito lágrima de criança 
Sem brincadeira.
Choro de monotonia.

Engoli as brasas
Que reluziam indecorosas
Pela permissão inocente
À falsidade ateadora.

Afoguei o amor
Em meio às tempestades
Não acima, mas por dentro:
Nuvens internas são tão pesadas...

Mas à Mão Ascendente
Fui irrefutável obediência,
Deixando-me acalmar,
Permitindo-me clarear.

Desafoguei tanto amor,
Que aprendi a amar.

14 de setembro de 2014

Julgar

Julgar:
Corrosiva ação
Com apego à insinuação
Isenta ao acalmar.

Feito profunda necessidade
De se estabelecer 
Em santidade
Ao passo do outro escarnecer.

Loucura atroz
Mutiladora de alguém
Em fuga na oposição ao bem
Que se volta contra vós.

Vós, pois, silenciais.

17 de julho de 2014

Oi, meu "dêgo"

Oi, meu "dêgo"!
Como vai aí no céu? Correndo e comendo muito? São Francisco acaricia a região por trás das suas orelhas? Ele coloca sua cabecinha no colo e conversa com você enquanto faz carinho? Vem me contar em sonho, amor de mãe.
Sabe, hoje eu vi um post no Facebook sobre um cachorrinho lindo, feito você, que também foi sacrificado. Chorei muito. Chorei recordando sua essência. Eu só não me perdoo por não terem dado tempo para me despedir dignamente de você. Você foi silencioso. Eu aposto uma corrida até em casa como você dormiu tranquilo, com seu jeitinho preguiçoso e, finalmente, livre da dor. E é o que me conforta, nego.
Desde que você se foi, eu não tive mais coragem de assistir ao filme "Marley & eu". Lembra qual é? Exatamente aquele que você sabia a hora de vir para perto de mim, pois eu ia estar aos prantos e você se doaria num abraço quase infindável. Seu cheiro secava minhas lágrimas. Seu calor, seu olhar manso e seu focinho gelado ratificavam o "estou aqui". Como sempre, era você quem vinha primeiro quando eu estava chorando silenciosa, fossem quaisquer as razões. Ah, cão de amor!
Não há um dia em que eu não vá à varanda e não sinta o coração apertar ao ver o seu lugar vazio. A fim de compensar a preguicinha de responder ao meu chamado, você concedia a certeza de estar no mesmo lugar, pronto para me receber, afoita, por seu colo... Afinal, quantas vezes eu não deitei minha cabeça entre suas patas dianteiras?
São tantos traços e laços construídos em 12 anos, Beethoven. E a saudade, por resultado infalível. Mas parece que você decidiu me consolar por esses dias, não foi? Tenho sentido o cheiro, típico de sua presença, toda vez que me sento rente à parede do meu quarto com a janela... É maravilhoso! Foi difícil acalmar a agonia de ver toda a nossa história passar correndo pela minha mente quando o senti pelas primeiras vezes. Porém, hoje eu corro para aquela parede com avidez: é lá onde me encosto para fazer minhas atividades, pois a criatividade inspira naquele recanto.
Por fim, despeço-me com o desejo de que você volte aos meus sonhos enquanto durmo. Faz tempo desde que apareceu pela última vez. Sinto saudades, para variar. Espero que jamais esqueça o quanto eu o amo e a importância de nossa história em minha vida. Você é meu cachorro de amor e, por assim ser, jamais morrerá; habita em mim.

De sua dona amorosa, impaciente, doida, chata e inconfundível na saudade,
Maria.

1 de julho de 2014

A par da paz

Paz. Nós queremos paz. Quem a faz?

Paz é circunstância,
Lei descumprida,
Anti-humana essência...
Algo a personaliza?

Se nasce com o equilíbrio,
Faz do malabarista
Com aquele sorriso
Nosso impossível artista?

Desmerece a guerra,
Responsável pela matança da liberdade
De ser gente, ele e ela,
Ou, talvez, fraternidade.

Somos irmãos?
Primos, talvez.
Ser família satisfaz a oração.

Paz que acalma os dias
E rotina se faz,
Como se a alegria
Não agradasse mais.

Porque paz é vital
Desde que se saiba ser inconstância.
Bem apreciado é o sal
Quando o sabor teve importância...

Na ausência.

Precisamos de paz, porque temos guerra.
Somos guerra, pois temos sede de paz.

Sabe, o oposto nos desfaz, mas refaz. 
Feito Deus, que é sublime Paz.

29 de junho de 2014

Sobre ter amigos

Sobre falar o clichê
De nunca ficar à mercê.

Não há espera,
Tampouco dependência
Quando a gargalhada penetra
A mais fraterna essência.

Dividindo o pão (ou o frango),
Oferecendo a bebida,
Compartilhando a insanidade,
Postergando a despedida.

Basta tagarelar tolices
E a ideia adjacente
Encontra vontade
De ser incandescente...

Incandescente:
Olhos cerrados, lábios esticados.

Sobre ter amigos:
Acolher os anos corridos,
Dar replay real aos momentos vividos
E cumprimentar o que nos foi escolhido:
A Deus somos agradecidos!


18 de junho de 2014

Ao Barba Ruiva

Ao Barba Ruiva,
Ladrão dos mares da saudade
Atravessados com a lembrança
De um abraço rico em amabilidade.

Tantas outras distâncias
Rompidas por mais chegadas
Vindas tão mansas,
Imutáveis foram consolidadas.

Imutabilidade do ser
Através do tempo
Transformado por conceber
Afeto de existência sedento.

Mas por que estes versos
Tão rápidos e bruscos?
Feito uma viagem,
Feito aprendizadem.

Aprender que fácil é amar
Quando há o mesmo sorriso
Em cada vez que se está
A encantar o encontro pelo improviso.

Quando se quer bem...
Quando se deseja o bem...
Quando ele faz bem.

Você é ridículo. Mas um baita ridículo especial.

18 de maio de 2014

Para reiterar

Como se pudera entender
A persistência da palavra
De amar e crer
Na luz que não se acaba.

Vem com o sentir
(Com o agir)
Da força espiritual
Incapaz de se limitar:
Jamais igual!

Salva por Divina ação
Que detém a fraqueza
De se estar em confusão...
Liberta com Sua certeza.

Pobre de mim, gentil amor, 
Se não tivera te conhecido...
Pois é cabível toda dor
Quando o bem por ti é trazido!

(13/04/2014)

2 de abril de 2014

Perspectiva de gratidão

Parei de condenar minhas abstinências, quando alegrei-me pelo que tinha em mãos.

Poderia murmurar
Pela quebra do caminho,
Mas os passos que se pode dar
Traz o agradecimento com carinho.

Talvez, a cada traição
Houvesse uma amizade perdida,
Porém torna-se mais acolhida
A ausência de agonia ao coração.

Deveria questionar a razão
De fatos cortantes do habitual,
Mas vem junto à incisão
Tempo para refletir o essencial.

Choraria pela mágoa passada
Quando provável a agredir,
Mas o presente é dádiva amada
Do insólito a se distinguir.

Penso que o homem
Acostumou-se a negativar
Quaisquer circunstâncias que podem
Trazer algo que está a faltar.

E, por isso, decidi livremente
Em meio às lamentações
Permanecer contente,
Pois maiores foram minhas satisfações.

Muito obrigada, pois!

4 de março de 2014

Quando a casa cai

Ao vir a casa cair,
Talvez cada tijolo
Quebre-se na desordem
De toda instituição a falir.

Ao vir a instituição falir,
Nasce a desesperança
Para conceber o melhor
Em meio à frustração a se ouvir.

Ao se ouvir a frustração,
O passado perde sentido
Como se passasse um furacão
Pela memória trazida consigo.

O passado nunca fora calmaria:
Desde a infância,
Aprendera conceitos "adultos"
E perdera a brincadeira.

Então, jovem resistência,
O fogo cruzado não bastaria,
Quando visse a consequência
Do fim da alegria...

Ou seria agonia?

Vem, por fim, a conformação
Longe do lar.

Vai, por fim, a desilusão
Para outro lar.

Mas espere.
Espere por Deus.

Quando Ele soprar sua manhã,
Entenderá que os mares no peito
Possuíram grandiosas ondas de dor
Para chegarem, descansadas, à beira.

E, então, elas voltarão.

Pois sossego é a igualdade
Concedida pela soma de duas ou mais dores que se vão.

6 de fevereiro de 2014

Ciclo nosso

Qual o tempo escolhido
Para oferecer a contagem 
Desde o início concebido
Por carinho sob coragem?

A inconstância arrastada
Interrompe o caminhar,
Se, apesar de intensificada,
Pelo futuro (a dois) se deixa derrotar?

Inconstância é
Amá-lo cada dia
Com uma confiança
Diferente por ser mais sólida.

Fé no incerto,
Sonho de paz,
Par tão perto
Da promessa que nos faz.

Sem dívida,
Com crédito de ternura.

Pois apenas três vezes
Tiveram para contemplar
Cada dia seis
Que um novo ciclo está a marcar.

Em todos os meses.
Para sempre, mesmo sem saber...
Só sabendo que é amor:
Infinito por ser.

27 de janeiro de 2014

Coincidência de amor

Dê-me sua mão,
Acompanhe-me nessa caminhada,
Converse sem exaustão
Até me deixar espantada.

Calando os próprios lábios
Concomitante ao ouvir de sua risada,
Inspiro pensamentos sábios
Para nossa emoção conectada.

- Te amo.
- Te am...

O que estaria por trás
De nossa mútua compreensão,
Quando apenas sinto a paz
Por tê-lo, ao futuro, como aspiração?

Mas não ouse explicar!
[Nem busque entendimento]
Pois quando se pode amar,
Dispensa-se argumento.

É uma satisfação com a vida
- Com Deus - 
Pela coincidência bendita
De sermos você e eu...

O sopro mais bonito do amor.

6 de janeiro de 2014

Por falar em amor

Para viajar além, liberdade;
Para comemorar a saúde, dor;
Para saber a distância, saudade;
Para se sentir vivo, ah, o amor!

Mas por que o amor?
Dê-me uma definição
E se perca onde for
Com rótulos ilegais em qualquer dimensão.

Porque amor dispensa
O dicionário ao se conceber;
Ele se sustenta
Com o que leva para oferecer.

Olha para Deus.

Deus, tão rico em bondade,
Soprou amor a nós...
Concedeu a necessitada suavidade
Para sermos laços ao invés de nós.

Por esses dias passados,
Encontrei uma brisa divina
Em forma de amado
E, então, construímos uma sina:
Ele e eu.