29 de julho de 2011

Ele é 'antigomobilista'

Há quem colecione seus importados,
Ou encontre fascínio nos nacionais,
Mas sei de um cara 'dorgado'
Que prefere carros de muitos anos atrás.

Conhece específicos vocabulários
E corta os dedos por relíquias desvendar
Sem a promessa de salários
Maiores do que o seu admirar.

Eu não ouso minha intromissão no assunto,
Mas é divertido ouvi-lo descrever
Sobre automóveis em conjunto
Datados de um passado a transcender.

Satisfeito, Anderson?

26 de julho de 2011

Espera mútua

Um Lenine nordestino
Já tem em voz de canto
A expressão do humano desatino
De ficar esperando.

Esperar do outro,
Não sentir-se solto.
Esperar do mundo
Enquanto ele espera de nós...

Um pouco mais de paciência.

Mas é o tempo a fazer revelações
De soluções perdidas no desespero
Por querer efetivar as realizações
Trancafiadas num tipo de antigo medo.

Todos vão ter de esperar
Com divertida mutuabilidade
E serem capazes de escapar
Dos enganos vindos com as mudanças da temporalidade.

Que, ao menos, seja encontrado o acerto
Dos intervalos de durações viáveis
À passagem vitoriosa pelo aperto
Em um, dois ou três corações miseráveis.

Lenine - Paciência (eu recomendo que ouçam!)

24 de julho de 2011

Ligar e autenticar

Talvez não seja explicitável
O ato de guardar a verdade
Àquele que se diz viável
Para abraçá-la com maturidade.

Por quase dois ciclos
Ele fora seu interlocutor,
Com ouvidos infinitos,
Atentos por amor.

Chegara, então, a mudança
Acompanhada do complexo
Inundado de esperança
A não deixá-lo perplexo.

Uma ligação,
Sinal perdido.
Horas depois, outra ligação
E o necessário foi dito.

Apesar de tão distante,
Apesar das novas e mútuas possibilidades,
Ele é sua fonte inacabável do instante
Em que não são negadas as verdades.

Isso é amor. Isso é confiar. Isso é eternizar alguém.
Mas eu não sei explicar.

21 de julho de 2011

Nota sobre mim

Minha tristeza é poética.

Subidas e descidas sob o tempo

É certo que o vagaroso
Atravessa vilosidades temporais,
Na ocorrência de um proveitoso
E extenso caminho experimental.

Arrasta-se na depressão,
Corre sobre picos...
E a trajetória não impõe condição
Para desvencilhar o maldito.

Resta caminhar:
Rápido ou lento.
Resta acompanhar
A vida em seu movimento.

Mas que não me ocorra o plano!
Desejo subidas e descidas,
Pois explicou um não-santo:
"Linha reta no eletrocardiograma é o fim da vida". 

"A vida é feita de oscilações, de altos e baixos. A oscilação é que dá prazer. A linha reta no eletrocardiograma é a morte." (Leopold Nosek)

19 de julho de 2011

15 de julho de 2011

Esvaziar a mente

Se for pensar,
Parar para pensar
Sem pensar em parar 
É pensar e não parar.

O cérebro não finda atividade,
Sequer quando te faz as pálpebras cerrar.
Ao seu dia é dado continuidade
Num sonho ou pesadelo de acordar.

É lembrado o que convém,
A intensidade que sua vontade tem,
Até ficar apenas com o "sem"
E proclamar "amém!".

Como esvaziar a mente
Atônita de palavras
Advindas de uma gente
Que derruba situações amargas?

O vácuo está distante
Para quem não é capaz
De pausar uns cinco instantes
Plenos por inferno e paz.

13 de julho de 2011

Sumiço

As palavras escapam,
Tropeçam, 
Somem.
O silêncio de tudo a ser dito.

Mas as vozes gritam
A falta de som
Que as situações explicam
No pior tom.

Não só as palavras fogem.
Claro que não!
Para de existir o interlocutor
Após o adeus de um calado locutor.

10 de julho de 2011

A outra

Como ser a outra pessoa
Que já foi primeira
De uma escolha inusitada
A ser a segunda?

Mas seguir trilhas
Faz parte de um fenômeno,
Cujo nome exala a vida
Decisiva da razão.

Confusão!
Larga-te de mim,
Para que eu possa me esclarecer
Em seu início e fim.

Não há o que pensar:
Você é a outra.
Pelo querer a se motivar,
Mas é a outra.

Sua sorte, madame  pessoal
Foi analisar o passado
Cônscio de resquícios
De que você poderia não ser a outra.

Que passado, o quê?
Se não seguisse em frente,
Estagnada seria na própria indecisão
Ao concluir que quase tudo mente. 

Palavras, confundam-me! Só assim posso brincar com teus milhares de sentidos.

Vendendo a mágica das palavras

Quantas vezes uma pessoa alheia a teu âmago emocional te vendeu as palavras de tua reconstrução?

Vender palavras
No mundo capitalista da vida
É quase um retorno financeiro
Do que o dom e a necessidade obrigam.

Compartilhar experiências
Por digno caráter de empatia
Não condiz com materialidade em essência.
Não, mil vezes não!

Sendo a vida um espetáculo
Por que não somar mágicas
De brilhar íris oculares
Ao vislumbre da mescla linguística?

E a palavra da comunicação
Adquire traços ilusionistas,
Superando qualquer expectativa
Da mágica em sua emoção.

Ao longo de horas
É percebida quanta verdade
Há numa boca que elabora
O sentido das lágrimas na simplicidade.

É que o mágico também chora...
Não só por palavras do coração vender,
Mas pela capacidade de perceber
Que carrega aprendizado para si e aí afora.

Por mais que não haja a leitura do mágico Renner, eu preciso agradecer por suas palavras, mágicas, diversão e lágrimas. Um conjunto de contradição pleno de sintonia fez-me acordar reconstruída de ideais, sonhos e vontades. Eu, sim, acredito que "o homem é aquilo que quer ser". Desejo que Papai do Céu continue a iluminar a vida desse vendedor de sonhos.

4 de julho de 2011

Sorriso

A encantadora de risos
Finalmente se depara
Com o esconderijo dos sorrisos
Em seu próprio flagra.

Sem motivos para esquecer
Vai suportando sonhos,
Que à realidade não vão tender
Se prosseguir apenas com o "suponho".

E o Sorriso continua a sorrir
Na janela fechada de sua sala...
Não é sabido quando partir,
Até que apresente, ao menos, a fala.

Ela está sorrindo para a lembrança.

Sem expectativas
De ruborizar mais uma vez
O êxito da descoberta reluzida
Naquele sorriso cortês.