30 de outubro de 2012

Salvando-me por ti

Não sei bem:
Sinto que acredito
Em salvar a mente de alguém
Quando meu pensamento é escrito.

Mas a necessidade de outrem
Faz minha própria salvação
Servir muito além
Do que captou a imaginação.

Quem me lê,
Cativa a direção
Para eu ver
Todos que amam meu coração.

Vislumbre a vontade
De receber um sorriso
Ou abraço amigo
Ao expressar a verdade.

Gostaria de que sentisse,
Ouvisse!
O momento em que a linguagem
Retorna à minha paisagem.

Soa forte o agradecer
Ao receber,
Por ser
Alguém de merecer...

Já não escrevo por mim
Ou por ti...
Mas a todas as mentes
Que desconheço
E possuem meu apreço
Ao salvarem-se ainda quentes.

16 de outubro de 2012

Por Lispector

Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade, mas estou presa dentro de mim. 
(Clarice Lispector)


Feito autocondenação,
Há pecado na indiferença;
Pela mente, imposição.
Mas qual será a sentença? 

Liberdade me segue
Junto à vida,
Que persegue
A mudança não correspondida.

Quem discerne o egoísmo
De minha vida dual?
Dirão masoquismo
Para meu caráter atual.
Sim, eu o possuo!

Ah, o Amor...
Vem com a dor
De ser feliz
Rabiscada pelo giz.
(Não da professora, 
mas de mim, a autora). 

E ousa-me a vontade
De correr atrás
Da liberdade
De viver em paz.

Conquanto me julgo
Com pena de morte!
Retifico o pulo
Em que tive sorte.

Morte vivida
Pelo prazer da tristeza
Em ser fraqueza
Ao invés de face erguida.

Deve existir a superação
Ao levantar-se 
Do sonho-solidão...
Irá castigar-se?

Só o nada
Em meio ao tudo.
Pois, meio sou indignada
Com meu próprio mundo.

Calarei como "bipolar",
A fim de não me magoar.
E hei me ganhar
Ao me amar.

Decidi me usar para ser alguém.
Optei, certa cez, por me possuir em felicidade. Ou além.

14 de outubro de 2012

Dossiê

O que dirá um dossiê
A partir da ausência conhecida
Do eu sobre você?
Necessita-se da partida...
Para aí, para lá.

Venha Dostoievski proclamar
Num caráter historiador
Que pelo sofrimento se purificar
É situação de menos dor.

Ou quem sabe,
- Sabe, sim - 
Organizar eventos trace
Um reconhecimento sem fim.

Mas não esqueça-se da decência!
Enxerga-se moral sobre o didatismo
Sugerido na brincadeira em essência.
E não se corrompa pelo Capitalismo!

Mais a citar: o sorriso.
Ao querer, meio malicioso...
Compreenda que assim me foi descrito!
Conquanto, sussurraram, também, "bondoso".

Surja, santa proximidade!
A curiosidade já alicia meus pensamentos...
Ao deparar-me com a verdade,
Não hei de ser dona do momento;
Tampouco de um lamento.

Por menos, terei alcançado uma espécie de luz para alguém. Em outras palavras: um ser humano que, à minha bagagem recordativa, convém.

Conhecemos um homem pelo seu riso; se na primeira vez que o encontramos, ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente. (Fiodor Dostoievski)

9 de outubro de 2012

Inconstante é ser feliz

Ser feliz
Tornou-se constante,
Como nunca quis
Por um único instante.

Não é da vida
As diárias oscilações?
Queixo-me, tão atrevida,
De minhas maldições!
- Constância, és! -

Ao lembrar,
Vem conforto com a decepção.
Seria masoquismo ratificar
Que a alegria está na modificação?
Ou, quem sabe, numa breve sensação
De ninguém ser,
Nada ter
E o tudo não poder.

O real não condiz ao afundamento
Em sobriedade da tristeza,
Porém não há visão de contentamento
Na felicidade por leveza.

Ah, a fraqueza de sê-lo!

E me habita um Deus!
Não julgue a decisão
Por pecados meus.
Também sou consolação.
E, em Cristo, perdão.

Mas não implore,
Tampouco pereça
Por minha sorte.
Faça o que lhe mereça.
(Só me deixa!)

E jamais use o amor maior
Para me livrar do momento só!
Eis que minha mãe amada
Não está servida à praça.
Por ela, há meu tudo;
Todo o meu mundo. 

Para o fim, não desacredite
Em meu gosto pela vida.
- Ou pela passagem da alegria! - 
Por ora, desejo que minha'lma facilite
O percurso da linha descabida...

Que eu criei e escolhi nas diferenças,
Nas ausências do "Mesmo".

Assim aprendi.