29 de março de 2012

Cuidado!

Pois até a liberdade é capaz de nos enjaular.

Semente

Há quem reclame porque uma semente não germina; há quem pouco se importe quando ela reluz aquele pequeníssimo verde. Mas eu admiro o processo dificultoso que uma semente enfrenta para superar os limites da terra, a fim de alcançar a luz: com exclusiva reserva lipídica, ela obtém energia para germinar e conseguir altura para alcançar a superfície. Sinto-me asfixiada.
Sinto-me uma semente. Sinta-se, também. Quando a vida proporciona situações desastrosas, as quais nos dá permissão para crer que somos incapazes de retornar ao equilíbrio - à paz -, o caminho à vida se torna escuro e a quota de determinação para vencê-lo aparenta concisa - e é. Mas como uma semente, há algo que nos pertence e possibilita, ao menos, a tentativa de êxito. A recompensa é maravilhosa: a semente encontra a luz, realiza fotossíntese, cresce - ah! Eu anseio pelo amadurecimento! - e se estabiliza.
Sei que todo ser vivo possui tempo médio de vida. Conquanto, esse fato jamais deve ser pretexto para adiantar os anos, pois, por mais que a sentença seja o fim, a trajetória vital pode ser incrível. E será.

8 de março de 2012

Superando o talvez

Talvez não devesse fugir
Em um choro tão enojado,
Ao ponto de desejar partir
Até o tudo indeterminado.

Talvez não precisasse cair
No interior da própria tristeza,
Onde a luz não pudesse mais sorrir
Enquanto envolvida pela fraqueza.

Talvez não chamasse a atenção,
Talvez não o ouvisse,
Talvez não possuísse razão,
Talvez a angústia não surgisse.
Mas o fez.

Sob o desespero da autocondenação
Um convite soava despedida,
Ainda que desejasse definitiva correção
Com permanência da aliança em seguida.

Só o queria.
Desejaria-o.
Amaria-o.
Seria.
Ah! É!

Mas o prateado reluziu o olhar,
Confortou o peito,
Fez possível respirar
E feito rios, seguiram o leito...
Unidos como um,
Vívidos como dois.

Se puder amar mais...