"Pai, o senhor tem uma moeda de cinquenta centavos?" - pergunta a filha.
"Para quê você quer?" - questiona, sem compreender, o pai.
"É porque quero trocar em cinco moedas de dez centavos".
O pai anda um pouco pela casa e vai em direção ao carro, onde abre a porta e remexe algo por lá. Fecha a porta e vai ao quarto da filha. Entra, entrega-lhe uma nota de dez reais na mão e expressa-se sob o brilho da moral:
"Pegue. Junte aos cinquenta centavos e saiba valorizar a moeda de dez centavos, porque você vai ser uma grande pessoa no futuro".
E sai do quarto. A filha, que segurava uma caixinha de música - daquelas que tem uma bailarina - em forma de piano e ouvia a melodia, voltou a atenção para a nota em uma de suas mãos e processou em sua mente, por diversas vezes, as palavras do seu pai. Emoções a acometeram. O pai não sabia, mas às 18h daquele dia sairia o resultado do vestibular que sua filha fizera. Seria uma prévia de construtividade? Impossível conhecer o futuro, ainda que tivesse armazenado veementemente a lição para a vida. Ela teria de esperar. Mas havia uma coisa que ela precisava fazer: registrar esse efêmero e valioso ocorrido.
Que orgulho do meu pai. Que gratidão por ele existir.
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