31 de maio de 2011

Por algo maior

O que dizer de ser livre? Bem, vale salientar que a liberdade é uma escolha, e toda escolha exige uma renúncia. Ao pensar nessa ideia, recordo um dos meus trechos favoritos do livro/filme "Comer rezar amar": No fim, comecei a acreditar em algo que chamo 'Física da Busca': uma força da natureza governada por leis tão reais quanto a lei da gravidade. A regra da 'Física da Busca' é assim: se tiver coragem de largar tudo que é familiar e confortante, que pode ser a sua casa ou arrependimentos e sair em busca pela verdade, seja ela externa ou interna; se considerar uma dica tudo que acontecer na jornada e aceitar todos que conhecer como um professor, e se estiver preparada para enfrentar e perdoar realidades difíceis sobre si mesma, a verdade não será desviada de você. Esse é o problema: nem todos querem a verdade, pois não seguem caminhos que casualmente os levariam até ela. Tem-se o que eu chamaria de população tolamente preguiçosa - ou acomodada, para usar o eufemismo. Mas não é bem isso que quero mencionar.
Já dizia a musa ("a linda") Clarice Lispector que a liberdade era pouco, pois o que queria não tinha nome. Muito ouço papagaios pronunciarem incessantemente essa frase geniosa. Como podem pedir mais do que liberdade, se não largam suas casas, seus pais, seus amores e suas riquezas? Como querem aventura, se têm medo de atravessar um lugar mais inóspito do que o centro da cidade? Como desejam se orgulhar de méritos, se acham que podem conseguir tudo em frente a um computador? Não, não, não. E só exponho minha opinião nesse momento, pois me sinto impedida. Impedida por... algo maior. Por um sentimento, talvez. Ou por imenso respeito. 
Não creio que para ser livre é necessário se desfazer de seus valores, pois como uma filha pode recusar a preocupação de uma mãe que já entregou, num ato de conformação, um de seus filhos ao fim do curso da vida? Como uma garota, na iminência da maioridade etária, deve se desfazer de seu caráter humano para prosseguir em uma atitude de provável egoísmo? Egoísmo me remete a suicídio. Não porque a morte provocada é causada de modo particular, mas pela falta de consciência do auto-assassino dar de ombros com o sofrimento de quem o ama. Aí eu - e/ou você - questiona: a liberdade não exige renúncia? Exige! Só que é difícil crer que o amor precisa ser renunciado, se ele atravessou mutações e seletividades naturais. Não falo de paixão. Refiro-me ao amor, amor puro, genuíno por ser. O amor, significo, é a única prova de que o homem possui luz para ser guiado à verdade. Seja qual for ela, seja qual for a escolha. Até a verdade precisa, por vezes, de um referencial.
Então, você só pode que concluir que, até, a escolha feita precisa ser escolhida. Uma escolha entre tantas, mas sem necessidade de excluir tudo, porque 18 anos não fará uma mãe não chorar, ao receber a notícia de que seu filho tem dificuldade para respirar; uma distância não fará um amor escapar por aparentar inconveniente; novas pessoas na vida não ocorrerão a perda de quem já está fixado na memória. E assim por diante. Adiante, quantos quiser argumentar. Só é preciso ter ciência de que não há o certo e o errado, uma vez que se busca a verdade. Verdade é crer. Creio na verdade. E tudo que for decidido, com certeza, será por algo maior.

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