31 de maio de 2011

Meu primeiro esboço

Tudo que chorei ficou para trás, aprendi que a fraqueza é algo fugaz. A minha ilusão continua em você, a tua imagem permanece no meu querer. Ensinaram-me que posso te amar e não haver reciprocidade, eu creio, e sei que tudo isso vai se tornar apenas uma saudade.
(14/02/2009)

Sabe-se lá em quem me inspirei. Decidi compartilhá-lo assim: com todos os equívocos gramaticais, com todos os sentimentos imaturos escritos em palavras de refúgio, com toda a minha bagagem passada.

Uma estrofe à poesia

O viver é poesia,
Nem tudo é alegria.
A rima não é precisa,
Pois adocicada quase nunca é a vida.

(21/02/2009)

Crer

Alguém aí acredita?
Pode ser qualquer coisa.
Mas é preciso crer
Para esperar a realização.

Creio no sol!
Creio na lua!
Creio na natureza!
Creio no que eu bem entender.

Ó, doce livre-arbítrio!
Enches-me a mente,
Confrontas minhas escolhas
E fazes-me humana.

Mas creia.
Creia no nada.
Se você crer, ele vai existir.
É sua fé.

Eu creio na verdade,
Na vida,
Na luz.
Creio em Ti, meu Senhor!

E de tão pouco precisas de minha fé
Pois bem antes Tu já existias!
Criaste o céu e a Terra;
Criaste o crer!

E tanto quero o Teu amor!
Revigoro o meu através do louvor,
Da voz!
Clamo por ti, Deus!

Você não crê em Deus?
Creia em si, ao menos.
E eu estarei crendo que Ele reside em mim,
Como eu também resido.

Lanuk, my inspiration for this.

Terapias

Há quem prefira psicólogos,
Familiares,
Amigos
Ou a escrita.

A Medicina cura
Para a família apoiar,
Enquanto amigos consolam
O que na escrita é expressado.

Eu morreria de amores vocacionais por ser médica!
Eu lutaria pelo alicerce familiar!
Eu protegeria minha fraternidade não-sanguínea!
E pegaria uma folha para riscar minhas palavras.

Não vivo por,
Nem para.
Vivo com:
Vós, minhas diferentes terapias!

Por algo maior

O que dizer de ser livre? Bem, vale salientar que a liberdade é uma escolha, e toda escolha exige uma renúncia. Ao pensar nessa ideia, recordo um dos meus trechos favoritos do livro/filme "Comer rezar amar": No fim, comecei a acreditar em algo que chamo 'Física da Busca': uma força da natureza governada por leis tão reais quanto a lei da gravidade. A regra da 'Física da Busca' é assim: se tiver coragem de largar tudo que é familiar e confortante, que pode ser a sua casa ou arrependimentos e sair em busca pela verdade, seja ela externa ou interna; se considerar uma dica tudo que acontecer na jornada e aceitar todos que conhecer como um professor, e se estiver preparada para enfrentar e perdoar realidades difíceis sobre si mesma, a verdade não será desviada de você. Esse é o problema: nem todos querem a verdade, pois não seguem caminhos que casualmente os levariam até ela. Tem-se o que eu chamaria de população tolamente preguiçosa - ou acomodada, para usar o eufemismo. Mas não é bem isso que quero mencionar.
Já dizia a musa ("a linda") Clarice Lispector que a liberdade era pouco, pois o que queria não tinha nome. Muito ouço papagaios pronunciarem incessantemente essa frase geniosa. Como podem pedir mais do que liberdade, se não largam suas casas, seus pais, seus amores e suas riquezas? Como querem aventura, se têm medo de atravessar um lugar mais inóspito do que o centro da cidade? Como desejam se orgulhar de méritos, se acham que podem conseguir tudo em frente a um computador? Não, não, não. E só exponho minha opinião nesse momento, pois me sinto impedida. Impedida por... algo maior. Por um sentimento, talvez. Ou por imenso respeito. 
Não creio que para ser livre é necessário se desfazer de seus valores, pois como uma filha pode recusar a preocupação de uma mãe que já entregou, num ato de conformação, um de seus filhos ao fim do curso da vida? Como uma garota, na iminência da maioridade etária, deve se desfazer de seu caráter humano para prosseguir em uma atitude de provável egoísmo? Egoísmo me remete a suicídio. Não porque a morte provocada é causada de modo particular, mas pela falta de consciência do auto-assassino dar de ombros com o sofrimento de quem o ama. Aí eu - e/ou você - questiona: a liberdade não exige renúncia? Exige! Só que é difícil crer que o amor precisa ser renunciado, se ele atravessou mutações e seletividades naturais. Não falo de paixão. Refiro-me ao amor, amor puro, genuíno por ser. O amor, significo, é a única prova de que o homem possui luz para ser guiado à verdade. Seja qual for ela, seja qual for a escolha. Até a verdade precisa, por vezes, de um referencial.
Então, você só pode que concluir que, até, a escolha feita precisa ser escolhida. Uma escolha entre tantas, mas sem necessidade de excluir tudo, porque 18 anos não fará uma mãe não chorar, ao receber a notícia de que seu filho tem dificuldade para respirar; uma distância não fará um amor escapar por aparentar inconveniente; novas pessoas na vida não ocorrerão a perda de quem já está fixado na memória. E assim por diante. Adiante, quantos quiser argumentar. Só é preciso ter ciência de que não há o certo e o errado, uma vez que se busca a verdade. Verdade é crer. Creio na verdade. E tudo que for decidido, com certeza, será por algo maior.

Vão e vêm

As pessoas têm trânsitos constantes
De ida e vinda em várias vidas.
Carregam consigo experiências
E deixam, se quiserem, suas marcas memoriais.

Mas quem dera fossem só as pessoas!
Bagagens de relacionamentos são trazidas,
São levadas!
Não, não são perdidas.

Surgem amizades,
Cativam conhecimentos,
Germinam intimidades
Para florescerem, quiçá, seus sentimentos.

Mas as pessoas mudam.
Ó Deus, são estranhas!
São fascinantes!
E confundem o tempo.

Namoros encerram,
Casamentos degradam,
Pessoas se indeferem
Sem cortar laços na mente (ou no coração, como desejar).

E o fluxo reinicia.
Ai, que confusão!
Espere. São as mesmas pessoas!
Não tenho explicações.

Novas pessoas.
As mesmas pessoas.
Tantas pessoas.
Só pessoas.

O ciúme quer matar,
A saudade faz morrer.
A cabeça pode pensar,
Mas o amor só quer você.*

*Trecho adaptado de uma música nordestina.

30 de maio de 2011

Attraversiamo

Por vezes, o ato de viver não me traz muito júbilo. Há uma pressão psico-fisiológica tão grande para realizar ações básicas, que eu me sinto confinada em uma sala estranha, pouco ventilada, pouco iluminada e com uma prova decisiva para os próximos dias bem à minha frente. É preciso respondê-la logo, pois o tempo se dissipa, e eu serei julgada pelas respostas que escolhi. Claustrofobia da vida.
Lembro-me da infância e deparo-me com a maior saudade que eu já pude ter: a despreocupação. Tinha dias tranquilos, conseguia administrar meus horários, não me cansava de estudar e não sofria por situações clichês da vida - mudanças, pseudoamores, falta de amigos. O único momento em que precisava pensar e agir como uma adulta era quando meus pais manifestavam de modo grosseiro a instabilidade do relacionamento deles. Clichê também. Quantos pais não brigaram? E eu dava continuidade aos meus dias confortáveis.
Os anos passam em um único sentido, atravessando seu corpo e deixando marcas: adolescência, puberdade, por exemplo. Ah! Se fossem apenas estas marcas! Mas certas madames agem como penetras na vida e, na maior ousadia, revelam não ter convites para participarem de sua história, ainda que estejam com carimbos em mãos destinados a você. Conheço bem duas delas: a morte é sorrateira e a depressão é lascívia. Nessa linha repleta de adjacentes ou afluentes, outros se sucedem. Contudo, ninguém suspeita da união de dois ou mais substantivos femininos - e/ou masculinos - que, quando surgem, mais parecem concretos do que abstratos. E por mais que você compreenda que eles precisam atuar na sua memória, eles machucam. São desesperados por dor. 
Se seus avós mais próximos e seu irmão se calam quando deveriam, ao menos, dizer adeus, a morte se justifica. Haja choro para atingi-la. Mas ela é inocente por o que fez. E a vida não pode ser culpada por ter um fim,  pois nada dura para sempre. O tempo, face na água, anda, corre, voa. Quando menos se espera, dói o fato de quatro ou treze anos terem passado. Choro, chora, choro, chora. A dor não passa; machuca mais. É a depressão. Ah, danada! Como é docemente tentador o masoquismo de quem se acostuma com a tristeza de ser infeliz. Eu não sei como ela vai embora, mas vai, pois precisa obedecer à lei do universo: a não duração da vida como um todo. E por que haveria de ser eterno, se há uma vastidão? Por que encontrar alguma forma de prisão para uma vida que tem necessidade de conhecimento e liberdade? Vamos praticar o desapego dos bons e maus sentimentos! (Ai, como gosto do Fernando Anitelli!)
A vida prossegue em sua trajetória ou deslocamento, como preferir, fisicamente falando.  A adolescência é só mais uma fase: hormônios, transformações, descobertas. É natural que eu me sinta frágil por amar. É inteligível que eu me apaixone novamente. É permitido que eu me perdoe e perdoe a vida por suas mudanças. É adaptável que as dores sejam, mais à frente, suportáveis. É preferível que eu aprenda com minhas experiências, uma vez que virá uma nova fase - a adulta - e sinto que terei de enxergar a vida com olhos de intensa responsabilidade. Claro que eu hei de ser uma criança para buscar o equilíbrio. E se eu me desequilibrar para o lado infantil, poderei rir. Quem disse que uma balança está com suas bandejas em um plano retilíneo? Incline um pouco a cabeça e verá que estão tortas. Depende do referencial. Ó, referencial, sou grata por tua capacidade de destruir privilégios e criar aceitações para diferenças!
Se a vida é um rio, temos de caminhar em todas as direções a fim de testar os caminhos e nossas resistências. Ou simplesmente atravessá-lo. Dentro de cada pessoa há um universo, então, infinito por ser, haverá outros rios. Uma vida em várias. Um rio após o outro. Attraversiamo.

*Inspiração, de alguma forma, advinda do texto "Final infeliz", postado pelo Luiz Felipe.

Tédio

Não há escrita,
Não há sorriso,
Não há motivação.
É só o tédio.

É hora de lutar,
Mas incomoda sair da cadeira,
Da cama.
Ó, morta-viva!

Tudo
É muito irritante
Durante o
Instante
Odioso do tédio.

Conquanto surge a escrita
Sem diversão,
Sem animação.
Sem nada. Só palavras tediosas.

Por favor, pare!
Livre-se disso!
É contagioso!
Estão tossindo tédio em sua face.

E o tédio vai embora.
E o tédio volta.
É o tédio.
É mais um mal que a sociedade concebeu para estagnação.

E quando?

E quando não for ouvida
A voz da saudade?
Terá esquecido o seu timbre
Ou as barreiras impediram a propagação?

E quando não for sentido
O amor que já se fez união?
É o momento para separar?
Ou a conversa clama por compreensão?

E quando o "quando" for embora,
Fazendo as perguntas sumirem
Para dar azo ao silêncio?
Terás ido embora, Tempo?

E quando acabarem estes versos,
Não terei expressado meus sentimentos,
Pois eles se guardam para um entendimento
Bem longe da razão.

29 de maio de 2011

Ame-me

Ah, se tu me amasses em um dia de outono!
Ou de inverno!
Eu iria querer que tu me amasses por felicidade própria,
E tuas mãos movessem-se, buscando um (sor)riso apenas nosso.

Por que não nos desfazemos destas explicações?
Não quero que tu entendas o momento;
Ele finalmente tem vida.
Ame-me. Eu te amo.

Ó futuro, como demoraste!
Não, não houve tua demora.
Compreendi a espera para teu encontro
A fim de que me ames.

É nesta cama ou neste chão gélido,
Que eu e tu, meu amor,
Podemos sentir todos os tempos
E, no eventual paradoxo, viver apenas o nosso: este aqui.

Mas tu não deves sussurar tua partida!
Deixe que ela vá
E vá sem ti.
Pois meus braços têm tua recordação.

Acordei pensando

É normal o despertar com uma nova reflexão para o dia. Depende das experiências no dia anterior, do sonho que capturou meu inconsciente durante longas horas ou, simplesmente, depende de algo desconhecido.
Uma pergunta abriu meus olhos para a tarde que se fazia de meu início: "o que é paixão?". Não, infelizmente não tenho um motivo. O máximo que tenho - sem posse alguma - é uma pessoa a quem envio amor e luz todos os dias, pois é meio inevitável lembrá-la. E ao pensar nela, tornei esse questionamento mais veemente dentro de minha cabeça dolorida frequentemente. Eis o surgimento de uma confusão de pensamentos.
A Maria sentada na cama:
Talvez não valha a pena dizer que estou apaixonada, pois não sei o que é. Talvez não valham a pena as ações. E o que vale a pena, então?
A Maria escovando os dentes:
A paixão pode ter uma essência egoísta, uma vez que, quando os amantes buscam um ao outro, desejam encontrar a saciedade para seus próprios desejos. Não creio que muitos já se perguntaram "beijo-o por que quero que ele seja feliz? Ou beijo-o por que isso me faz bem?". Mas o beijo, o carinho, o sexo são ações compartilhadas e não necessariamente se valem de solidariedade. Ou sim. Sim. Minhas ideias estão confusas.
A Maria deitada em uma rede:
Quem sou eu para questionar, se mal vivenciei um relacionamento? Que venha a experiência para as palavras coerentes.

A verdade é que muito belo seria se aquele planejado toque fosse com a intenção de vê-lo sorrir, e aquele sorriso fosse a sua satisfação. "Seria"? Sem o uso do tempo futuro do pretérito, pois é sabido que isso acontece. Mas não em todas as vezes. E se você adquire essa reflexão para si, há de ficar louco. Sabe como saciei a resposta para minha provável reflexão "matinal"? Não a saciei. Minha carga de aprendizado não a compreende, e zero por zero já me bastou na apreensão de fazer uma prova, sem estudar, no colégio. 
As pessoas têm banalizado o amor, o que acarreta na dificuldade de autenticar a sua existência. Há dúvidas na frase clichê "eu te amo"; nas declarações que se tornam cada vez mais virtuais, pois redes sociais mais têm servido para propagar vaidades do que sentimentos; há incompreensões em relacionamentos absurdos e fantásticos. A sorte, a pureza, é que há exceções. E as mais lindas palavras de amor podem ser ditas no silêncio de um olhar, sem outrem para dizer "ai, que lindo! Felicidades para vocês!", "o casal mais perfeito que conheço!" ou "eles não vão conseguir ficar juntos por muito tempo"; apenas duas pessoas que, de uma forma inenarrável, conhecem o motivo para estarem se admirando e, brevemente, deixarem que seus lábios e corpos se encontrem mais intrinsecamente.
Tanto me questiono, porque busco um amor. Um amor físico e infinito para abraçá-lo, mesmo sabendo que uma distância na escala de 10³ é - ou foi - impedimento.