Lagarta tanto quer voar,
Mas tanto não faz,
Pois tanto vai amedrontar
O tanto de que é capaz.
Uma ilusória proteção
Para machucar
Quem ousar aflição
Contra seu caminhar.
Ela é fragilizada
Pela metamorfose futura:
Queria ser libertada
Antes de ser madura.
Então, machucam-na.
Cortes.
Edemas.
Hematomas.
Dor existencial.
Uma estrofe de sofrimento.
Lagarta não pensa,
Porque procura amar
Alguém que, na sentença,
Nunca mais vai voltar.
[Nome tocado tão imundo]
Construa o casulo!
Retire-se da realidade
De encarar o motim
Que confere maldade
Ao seu não-fim.
Vi a lagarta chorar
Nas minhas mãos
Carregadas de ódio
Pelo guarda a se afastar.
Vá, maldito!
A liberdade de uma escoriação
Volta na justiça
De uma grade escura
Para a prisão.
Deseje a remissão.
A lagarta será borboleta
Sob um sol de agrado
Em que suas asas
Jamais retornarão ao maltrato.
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