19 de outubro de 2013

Lagarta

Lagarta tanto quer voar,
Mas tanto não faz,
Pois tanto vai amedrontar
O tanto de que é capaz.

Uma ilusória proteção
Para machucar
Quem ousar aflição
Contra seu caminhar.

Ela é fragilizada
Pela metamorfose futura:
Queria ser libertada
Antes de ser madura.

Então, machucam-na.

Cortes.
Edemas.
Hematomas.
Dor existencial.
Uma estrofe de sofrimento.

Lagarta não pensa,
Porque procura amar
Alguém que, na sentença,
Nunca mais vai voltar.
[Nome tocado tão imundo]

Construa o casulo!

Retire-se da realidade
De encarar o motim
Que confere maldade
Ao seu não-fim.

Vi a lagarta chorar
Nas minhas mãos 
Carregadas de ódio
Pelo guarda a se afastar.

Vá, maldito!

A liberdade de uma escoriação 
Volta na justiça
De uma grade escura
Para a  prisão.

Deseje a remissão.

A lagarta será borboleta
Sob um sol de agrado
Em que suas asas
Jamais retornarão ao maltrato. 

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