Eu não quero pesar outros ombros. Se eu não me sustento, não é justo afundar outrem. Nem com lágrimas. Por mais que eu tanto desejasse concomitante ao desmoronar da própria fortaleza. Mas ser vívido é discernir quando se sentir forte, uma vez que é mais importante do que sê-lo.
16 de novembro de 2013
Em busca de uma lanterna
"Quando tá escuro e ninguém te ouve, quando chega a noite e você pode chorar."
(Herbert Vianna)
(Herbert Vianna)
Os fatos sucedem
Fugindo à organização
Como se pudessem
Causar, abertamente, desilusão.
A desilusão vem atroz
Por não o capacitar
A não ficar a sós
Quando se sente secar.
Não há como elucidar
A penumbra da tristeza
Voltando a afogar
Tudo o que foi certeza.
O mar em que se afoga
É o mesmo que salva,
Em que se mora
E o que mais falta.
Ainda falta luzir
O caminho para a salvação
Do que está a sucumbir
Em meio à escuridão.
Alguém com uma lanterna?
8 de novembro de 2013
Nós dois
O silêncio da natureza
Interrompido pelo sussurrar
Das palavras com a delicadeza
Aceita ao se enlaçar...
Nele.
Sussurre para mim
Um significado intacto
E seja, enfim,
Meu gostar personificado.
Lugar de feliz recordação
Cabe na veemente serenidade
De ter sido palco à emoção
Concebida por singularidade.
Como se fosse vertigem
Contá-lo tão perto
- Tão certo -
Do afeto como origem...
Para querê-lo (tão bem).
Em seus olhos, um sorriso
Apreciado sob todo o carinho
De um coração destemido
A palpitar no abraço mansinho.
Vislumbro, busco
E, por fim, me intrigo:
O que resguardam esses olhos
Num indecifrável atrativo?
Vem (e permanece) ao meu alento
De conceder doçura
Para o sentido do vento
Que nos sopra à ternura...
Em sermos nós.
Nós dois.
Interrompido pelo sussurrar
Das palavras com a delicadeza
Aceita ao se enlaçar...
Nele.
Sussurre para mim
Um significado intacto
E seja, enfim,
Meu gostar personificado.
Lugar de feliz recordação
Cabe na veemente serenidade
De ter sido palco à emoção
Concebida por singularidade.
Como se fosse vertigem
Contá-lo tão perto
- Tão certo -
Do afeto como origem...
Para querê-lo (tão bem).
Em seus olhos, um sorriso
Apreciado sob todo o carinho
De um coração destemido
A palpitar no abraço mansinho.
Vislumbro, busco
E, por fim, me intrigo:
O que resguardam esses olhos
Num indecifrável atrativo?
Vem (e permanece) ao meu alento
De conceder doçura
Para o sentido do vento
Que nos sopra à ternura...
Em sermos nós.
Nós dois.
7 de novembro de 2013
Cão da vida
Estou silenciosa. Meio torpe, diria. Como se tivesse perdido a sequência dos atos entre os dias, de modo a não aceitar a realidade. Afinal, eu preciso acompanhar a vida para que ela me faça sentido, não é? Mas a vida é um eterno "não me importo com o que você quer". Ela acontece: por vezes suave, e tantas outras vezes tenaz e incendiária.
Há uma falha no entendimento para o vazio daquele espaço próximo à parede da lavanderia. Não há cor negra - tão linda, tão perceptível entre as demais -, não há cheiro amigo, tampouco um olhar sedento de amor. Há o nada sangrando. Sangue incolor transbordando pelos portões - quase involuntários - da alma e na vontade de fugir da circunstância.
O grito se contém mediante a falta de oportunidade para a despedida. Muito pior: a falta de escolha para o que se sucedeu. Levaram-no feito anjo - anjo negro de amizade - para o sono mais profundo, atenuante de toda dor em seu universo físico. Levaram junto meu universo emocional. Injetaram uma solução apaziguadora numa história de mais de uma década. Mas eu não suportaria mais enxergar seu olhar de tristeza, que se elevava apenas para dizer "eu ouvi sua voz e sei que está aqui".
[...]
Eu não sei o que acabou. Há uma luz incomensuravelmente vívida do Beethoven dentro de mim. Ela perpassa todas as sensações que ele me proporcionou. Invade nosso Khef de ele ter vindo para mim. E de mim nunca sairá.
O Beethoven não tem fim. Um cachorro que supera a rejeição para se encontrar no meu âmago de amor não pode se esvair na ausência física de um latido, de uma lambida, de um rabo balançando, de uma ânsia para ir passear, de um pedido eterno por carinho. Não mesmo! Nossas almas se encontraram quando acertei seu nome, quando inventei uma entonação que ele reconheceria a metros de distância e ficaria feliz por ouvir.
[...]
O problema é que hoje eu me sinto só. E amanhã muito mais. Porque eu nunca amei um animal como o Beethoven. Conquanto, o que me importa é compreender que o "niêgo de mãe" (sim, eu falei enquanto escrevia) não partiu ontem; ele concedeu infinitude existencial à minha história. Vive para sempre. Um sempre bem diferente desses que os humanos costumam usar por aí.
O Beethoven é atemporal.
6 de novembro de 2013
Transbordando o vazio
Esvazia
O copo existencial
Sem agonia
Para o princípio do final.
Deixa transbordar
Metade silenciosa
Do que vem a chorar
Com repreensão cuidadosa.
Porque a outra fração
Fica resguardada
Na insatisfação
De não ser compartilhada.
Há um céu (caindo) só sobre si.
Passa o dia
Correndo sem resposta...
Paira a noite
Com o sono sob aposta.
Perdida aposta.
Mas acomoda uma lembrança
Sempre intolerante
Para com o que se pode ser esperança
De um futuro anúncio dilacerante.
E quem te libertará?
Não há conselho
Quando a consciência é o espelho
Do que se deve optar.
Nunca a morte. Não por mim.
O que se consome em dor
É o vislumbre do olhar
Que clama por amor
Sem êxito ao se levantar.
Estou aqui.
Não sofra tanto, por favor.
Descansa.
Eu o amo!
O copo existencial
Sem agonia
Para o princípio do final.
Deixa transbordar
Metade silenciosa
Do que vem a chorar
Com repreensão cuidadosa.
Porque a outra fração
Fica resguardada
Na insatisfação
De não ser compartilhada.
Há um céu (caindo) só sobre si.
Passa o dia
Correndo sem resposta...
Paira a noite
Com o sono sob aposta.
Perdida aposta.
Mas acomoda uma lembrança
Sempre intolerante
Para com o que se pode ser esperança
De um futuro anúncio dilacerante.
E quem te libertará?
Não há conselho
Quando a consciência é o espelho
Do que se deve optar.
Nunca a morte. Não por mim.
O que se consome em dor
É o vislumbre do olhar
Que clama por amor
Sem êxito ao se levantar.
Estou aqui.
Não sofra tanto, por favor.
Descansa.
Eu o amo!
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