28 de setembro de 2013

Através de Corina

Que nesse sonhar
Do que encontro por satisfação,
Dê-me a capacidade de amar
E à morte darei o perdão.

Corina é um ser indizível. Muito mais do que minha professora de Português,  revelou-me que a poesia também escreve nossas histórias. E como seu olhar exala o fascínio pelo amor, dediquei tal estrofe como um favor - de agradecer por tudo o que ela me fez conhecer através das várias interpretações e uniões que dão-se às palavras. Corina é um ser indizível em sensibilidade.

Entre a sombra e o segredo

The rest is shadows, the rest is secret.*

O que pode, então
Ser codificado
Pela luz em ascensão
Sem um rumo desviado?

Conte-me o segredo;
Mostre-me a sombra;
Apazigue o medo...
O que o afronta?

Não se deve muita satisfação
Às escolhas que se tem
Mediadas pela surpresa
Para hipnotizar o bem.

Ah! O bem...
Tão intangível,
Feito poeira das estrelas
Do considerado traduzível.

Por que não o querer?
Há discernimento
Em cada caminho
A se ter...
E a se perder.

Deixe-me ficar atordoada
Com tantos encantos
E ciladas.
Quero seguir meu próprio santo!

Porque eu sei, meu amigo,
Que ao fim não sobreviverei:
Não haverá algo ferido,
Mas fim passional dominarei.
Fins para começos.

Só quero existir
Sem dó de mim.
Apenas caber
No que posso sentir...

Antes que eu silencie!

*Memois of a Geisha

27 de setembro de 2013

Deixe-me doar

Hoje é o dia em que meus avós maternos fazem mais falta. Hoje é o dia em que a culpa por não dedicar mais tempo aos meus avós paternos reina. Hoje é o dia em que se deve pensar que todos os dias deveriam pertencer aos idosos, porque a solidão que os assola não perdoa um minuto sequer quando são abandonados. Hoje é o dia em que a sociedade deveria refletir sobre a real necessidade de vangloriar uma imagem, se o que realmente importa é a experiência e as marcas cicatrizadas nas paredes das vidas. Hoje é o dia em que externo, claramente, a minha paixão - única, verdadeira e duradoura - nessa vida: idosos.
Então, deixe-me doar essa veemente parte em mim: envelhecida pela observação, pelo desejo de cuidado, pela ânsia do alívio, pela vontade de um sorriso em meio à escuridão. Permita que estilhaços libertados de meu âmago encontrem brechas em mais pessoas, em mais vontades, em mais dignidades que reconheçam a necessidade do zelo pelo idoso. Idoso, vale salientar, que não é sempre um vovô ou uma vovó. Idoso que não tem, apenas, rótulo de resmungão. Mas um idoso, eu admito, frágil em meio aos atrozes caminhos que os esperam como descanso.
Não tenho mãos brilhantes. Não possuo sempre a melhor forma de intercalar as barreiras que o tempo acrescentou à permissividade de um encontro. Não conheço o discernimento para agir racional ou emocional. Mas apesar de tantas sentenças negativas, eu busco a sabedoria de alcançar o âmago ferido ou amado, a fim de que eu me presenteie com, ao menos, uma pacífica mudança de expressão.
Pareço ser, mas não sou utópica. Eu compreendo a diversidade humana, inclusive entre a terceira idade. Não tenho a imagem de "pobrezinhos seres humanos, esquecidos pela idade e roubados pela meritocracia". Conquanto, não me imponha uma ideia contrária à de fragilidade concernente aos mais velhos. E é por isso que posso, preciso e devo me doar à certeza de que outra aspiração não me sopraria, tão suave e plena, a satisfação por toda uma história - direta ou indiretamente.

"Devolva-me aquele sorriso que o tempo pareceu roubar, mas que comigo permanece e eu só preciso de sua ajuda para encontrar. Fique um pouco mais."

Estrofes ao idoso

Por favor, preste bem atenção nestes olhos cansados que o permeia em vários cantos da cidade. Eles foram iguais ao seus - se não melhores - e hoje só clamam por descanso. Um paraíso sem solidão.

Não o comove
A fragilidade
Tão transbordante
Da nobre idade?

Não derrete
Seu espírito
Presenciar
O ápice vivido?

Tantos sorrisos,
Choros,
Amigos
E coros.

Ou não. 

Não alicia
A curiosidade
Adentrar tal mundo
Sem medo da verdade?

Falta-me a linguagem
Em um dom amistoso 
Quando tenho a coragem
De poetizar um idoso.

Não por ser difícil!
Não por ser complicado!
Apenas uma ideia luzia:
Idosos são mais do que poesia...

São meu elo vocacionado.

25 de setembro de 2013

Os bem-armados

Sem mencionar
A psicopatia
De como armas usar,
É pura esquizofrenia.

Queria um riso
Para o arremesso
Bem prometido
De uma passarela sem apreço.

Tendo de buscar
Literaturas de emoção
Em estantes repletas
De obsessão.

(Na Natureza Selvagem)
 
Forjando a decodificação
De papéis
E ranhuras 
- Seriam garatujas? -
Apenas por distração.

Apelo às gentilezas
De acanhar um sorriso
Em reações de franqueza...
Será que brinco?
Será que finjo?

Só (mais) um momento
Para os bem-armados
Suprirem seus intentos
De serem engraçados.

E são.

Sem me esquecer: um doce 'obrigada'.

23 de setembro de 2013

Soluço

Vem um soluço
Quando a dor é no peito,
O medo é mudo
E o ar é rarefeito.

Nada fisiológico:
É aquele entalo
Estreitamente psicológico
Por algo dar errado.

Ou dar certo...
Mas você será fortaleza
Para estar tão perto
E recebê-lo com delicadeza?

Pode soluçar.
Um riso incontido
Pela falta de êxito
Ao tentar se expressar.

Sua água,
Seu susto
Ou o cessar da respiração
Só terá um nome.
Uma ação.

Obrigatoriamente, resiliência
Para a resposta a receber;
Ir embora ou convivência
Do que se almeja fazer.

Enquanto isso, o soluço...

13 de setembro de 2013

Eles

Interessante é
Como eles vão 
Deslizar teu pé
Com simples empurrão.

Porque, aprendas:
Ainda que fosse
O menos humano,
Eles precisam estar
Em melhor plano.

Mas não saberei dizer
Se é por si...
Ou por estar abaixo de ti
É terrível para crescer.

7 de setembro de 2013

Falta

Falta tanta coisa!
Falta a saudade,
Falta a ausência,
Falta faltar tanta coisa...

Falta agradecer,
Porque fiquei ocupada
Ao desmerecer
Tudo com que sou agraciada.

Falta valorizar
Meu cansaço de todo dia,
Porque só ele me recorda
A vitória que almejo alcançar.

Falta viajar
Sem destino mesmo.
É, divagar.
E adeus, medo.


Falta lembrar
Que medo é impedimento.
Um passo desencorajado
Chega firme ao chão.

Falta sorrir,
Pois com lágrimas
Já fiquei feliz.
Provarei da tristeza com alegria.

Falta estudar
Com a consciência
Da liberdade
Cognitiva a ganhar.

Falta esquecer,
Porque o passado
Já me assalta
Mais do que devo merecer.

Falta, sobretudo, amar.
Não como conseguem escrever.
Eu quero perder as palavras
Quando o amor me tocar.

Falta ser inefável.
Cansei da sinestesia,
Cansei da manha
De tudo significar. 

Falta meu silêncio...
Mas minha alma pulsa!
E meu batimento se codifica.

Questionamentos

Então...
Quando todos eles se forem?
Quando a solidão o tocar
E só restar cores?

Diga-me como agirá.

Sentirá arrependimento
Por seus princípios?
Afinal, o que há de valer:
A fama ou a segurança?

Apenas mais um questionamento:
Por quem você vive?
Porque esporadicamente algo se vai.
Mas você fica...

Resiliente ou destruído.