16 de outubro de 2012

Por Lispector

Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade, mas estou presa dentro de mim. 
(Clarice Lispector)


Feito autocondenação,
Há pecado na indiferença;
Pela mente, imposição.
Mas qual será a sentença? 

Liberdade me segue
Junto à vida,
Que persegue
A mudança não correspondida.

Quem discerne o egoísmo
De minha vida dual?
Dirão masoquismo
Para meu caráter atual.
Sim, eu o possuo!

Ah, o Amor...
Vem com a dor
De ser feliz
Rabiscada pelo giz.
(Não da professora, 
mas de mim, a autora). 

E ousa-me a vontade
De correr atrás
Da liberdade
De viver em paz.

Conquanto me julgo
Com pena de morte!
Retifico o pulo
Em que tive sorte.

Morte vivida
Pelo prazer da tristeza
Em ser fraqueza
Ao invés de face erguida.

Deve existir a superação
Ao levantar-se 
Do sonho-solidão...
Irá castigar-se?

Só o nada
Em meio ao tudo.
Pois, meio sou indignada
Com meu próprio mundo.

Calarei como "bipolar",
A fim de não me magoar.
E hei me ganhar
Ao me amar.

Decidi me usar para ser alguém.
Optei, certa cez, por me possuir em felicidade. Ou além.

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