18 de outubro de 2011

Aquela estrada

Tão escura e revelando seu assombro. Uma sombra, uma imagem alheia e um confuso pós-valente na estrada. Então estendem-se duas mãos na mesma direção - com sentido e intenções distintas -, apenas esperando uma decisão, seja lá qual fosse. Todavia, por ser escolha, deve prosseguir em frente e explanar o quão natural foi para fazê-la. Indecisão e medo meramente normais. Normal é ser o humano que não se diz normal. Que não é normal. E, por assim ser, prefere - indiferentemente - lutar pelo mais árduo, apesar de não conhecer qual força irá impulsioná-lo. Se impulsionar, então duvida. Foi-se: realizada a decisão. Seguir e não prever. Só seguir. Só buscar não ter medo do que aguarda à frente, porque o receio... é o meu e o seu impedimentos. Estaremos sem carro naquela estrada, mas estaremos humanamente juntos. Está, pois, valendo (para mim).

Olha a cachaça, 'c*rai'

Experiente meu irmão
Ao gritar com gosto o seu agrado
Pelo etílico convocado
Nos diários "FDS" de comemoração.

Eu ria ao ouvir
O verso de praxe a surgir
"Eu bebo água, que passarinho não bebe
E tubarão - apontava o amigo com feições exageradas nas narinas - não nada".

Nunca que eu beberia
A preciosa cachaça
Que de pouco me serviria
Para incorporar a malvada com graça.

Músicas não faltavam
Para aquele moleque assíduo
Aos dotes cachaceiros que amavam
Os seus neurônios comprometidos.

Ai, que saudade de sua confiança
Revelada nos trejeitos acostumados
De pegar o copo como aliança
Ao grupo dos felizes embriagados.

Confiança perdida numa curva. Retalhada por um jipe. Eternizada nas lembranças divertidas.

O tanto que me ocorre

Em dias com aparência infindável
Para prosperar um "tudo bem",
Mesmo existindo maleável
O ferro que uso como refém.

Já não importa o cansaço
Ou a dor que eu possa saborear
Num sinal de masoquismo amado
Sobre as feridas a cicatrizar.

Porque não está cansado.
Porque não está saboreado.
Porque não é masoquista.
Andou, bem-vindo à pista.

E o tanto que me ocorre
Não se faz tanto assim
Quando a esperança morre
E ressurge a fé em mim.


És tu, tempo. Tempo, vou te fazer um pedido: exista para sempre em mim. Coexista, sobre ímpeto, para quem não acredita em sua concentricidade. Porque ocorrendo tanto, o tempo corre enquanto. E vai passar, sarar, voltar, agonizar, cicatrizar, machucar... Ar. Ah, o ar! Faz-se vento quando em movimento. Faz-se brisa quando soa leve. Faz-se furacão quando está feroz. Ar, ar, ar. Amar. Só amando para saber que o tempo é auxílio. Que o tempo é Deus. E Deus é tempo. Mas talvez... Sim, tu amas. Eu, também.