20 de junho de 2012

Decisão

Agora já passou
Desde aquela decisão.
Se deveras foi,
Eis a minha indagação.

Não deveria temer
A vida adulta.
Escolher é meu dever
E minha maior luta.

Luta contra mim.
Luta por paz.
Sobre um muro sem fim,
Andar é o que se faz.

Por que não outro dia?
Hoje é tão súbito.
Adiaria
O futuro em furto.

Eu mesma me roubando
Eu, questionando. 

Desisti.
Fiz nova escolha.
Minha assinatura inscrevi
Sobre responsável folha.

Papel de contrato
E suspensão do maltrato
De insistir
No que nunca possuí.

Mas que eu expresse:
Sou o que eu quiser.
Não será a decisão que eu fizer.
É a prece.
Pouca pressa.

Chego lá.
Por enquanto, fico por cá.

Espere. 
Há de vir nova decisão.

16 de junho de 2012

Frustração

É necessário poder;
Não basta a expressão.
Se eu fosse dizer,
Calaria por frustração.

Frustar é desolador verbo.
Pobre ego!
Extinto pela vergonha
De não ter-se o certo.

E o que seria acertar
Se no retorno, ela desiste?
Haveria de caminhar!
Pena que não persiste...

Sonho alto
Sem salto.

Desejo invocado
Duramente trocado.

Lágrima escorrida
Por opinião sofrida.

Frustrando,
Sofrendo,
Engolindo...
Ah, desilusão!

Mas que fecha,
Cerra a respiração.
Atirada contra a flecha,
Que acertou antiga decisão.

De mudar.
E mudar, para meu pai,
Não é bom.
Aquilo que se vai
Retirou o som
[O tom]
De, um dia, ganhar.
Superar.

E chegou frustração
A um coração.
Ele não mais bate.
Parte.
Partirá para longe.
Longe da vocação.

Tempo, por que não podes me adiantar?

15 de junho de 2012

Realidade

Se fosse para esquecer,
O grito da lembrança viria
A sutilmente se perder
Na vontade por o que queria.

Como o que se deseja:
Não existe para possessão!
Mas para outrem que almeja,
Talvez não seja mera ilusão.

Quanta realidade!
Santa em paradoxo,
Feliz por maldade.
Viver pode ser tóxico.
Perigo.

Porém, exclua circunstância
Se generalização for para ousar.
Pois na mínima instância,
Não espere que vá durar.

Realidade é tão finita
Quanto qualquer certeza
- Principalmente sobre a vida -.
Está faltando esperteza.

Para entender / Para compreender / Para merecer
O fim.

14 de junho de 2012

Desabafo

Quanto tempo passou?
Lembro-me da árvore e do banco.
Mas ela se foi
E os outros consigo levando.

Porque ela faz falta.
Eles sentem saudade.
E se eu estivesse calma,
Acreditaria na fraternidade.

Porém, sou só.
Só com outros.
Feito pó.
Pó de ouro.
(Tem seu valor, em peso).

Sabe,
Eu não sei.
Mas cabe
Compreensão.